segunda-feira, 18 de julho de 2011

Sentimento do Mundo (Carlos Drummond de Andrade)


Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo,
mas estou cheio de escravos,
minhas lembranças escorrem e o corpo transige
na confluência do amor.
Quando me levantar, o céu estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto, morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.
Os camaradas não disseram que havia uma guerra
e era necessário trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso, anterior a fronteiras,
humildemente vos peço que me perdoeis.
Quando os corpos passarem, eu ficarei sozinho
desafiando a recordação do sineiro,
da viúva e do microscopista que habitavam a barraca
e não foram encontrados ao amanhecer
esse amanhecer mais que a noite. 

Dica de teatro: “As Eruditas” (Comédia de Molière)

Olá pessoal!


Passando aqui pra recomendar uma peça que vi no sábado e amei!
Uma boa pedida para quem quer ver qualidade, história, dar boas risadas e ainda pagar barato!





“As Eruditas” no Rio

Comédia de Molière expõe as fraquezas humanas no palco do Teatro Glauce Rocha até 24 de julho


A peça “As Eruditas”, de Molière, estreia no dia 10 de junho, sexta-feira, no Teatro Glauce Rocha, no Rio de Janeiro, com os atores da Cia Limite 151. Com tradução de Millôr Fernandes, o espetáculo de Molière – considerado o maior comediante do teatro moderno – esmiúça a hipocrisia, a crueldade e outras fraquezas humanas.
A trama de “As Eruditas” permanece ágil e pertinente, mesmo após mais de três séculos de sua primeira apresentação, ocorrida em 1672. Em seu teatro, Molière consegue aprender e dar forma a aspectos essenciais da natureza humana. Os retratos humanos e sociais traçados pelo autor em suas obras dispensam qualquer atualização, por captarem a perenidade dos caráteres humanos por debaixo dos usos e costumes de suas próprias épocas.
Na montagem de “As Eruditas”, que tem direção de José Henrique, a Cia Limite 151 adotou a noção de espaço vazio, do encenador Peter Brook, mantendo um mínimo de elementos cenográficos e grande destaque para os figurinos. Toda a ênfase da encenação está colocada sobre a representação, numa linha menos caricata, situando-se o ator como o agente imediato do ato teatral.
A Peça
Henriqueta e Armanda são as duas filhas de Filomena e Crisaldo, um fidalgo da alta sociedade parisiense. Filomena deslumbra-se com o mundo das letras e da filosofia a ponto de querer casar Henriqueta com Tremembó, um oportunista que visa conseguir, através de seus versos, a mão e o dote de uma das moças. Henriqueta, ao contrário da irmã, não se sensibiliza com os floreios e a vã metafísica, preferindo para noivo Cristóvão, jovem preterido por Armanda por sua simplicidade intelectual.
Os personagens – o marido intimidado pela mulher, a socialite deslumbrada com uma pretensa vida cultural, um oportunista que semeia sua oca erudição para uma platéia fácil, entre outros – nada perderam de vitalidade, e os seus diálogos permanecem tão mordazes quanto engraçados. Também nesta obra, Molière consegue levar a reflexão de temas universais a graus até então só atingidos por peças trágicas – mostrando que o humor é parte, e não adversário, da inteligência.
“As Eruditas”Texto: Molière
Direção:  José Henrique
Cenários e figurinos: Colmar Diniz
Elenco: Theresa Amayo, Gláucia Rodrigues, Jacqueline Brandão, Janaína Prado, Marco Pigossi, Marcelo Sant´Anna, Renata Sabino. Participação Especial: Élcio Romar, Pietro Mario e Gustavo Ottoni.
De 10 de junho a 24 de julho de 2011
De sexta-feira a domingo, às 19h
Teatro Glauce Rocha
Endereço: Av. Rio Branco, 179, Centro
Rio de Janeiro (RJ)
(21) 2220-0259
Bilheteria: de quarta-feira a domingo, a partir das 14h
Ingressos: R$ 20. Meia-entrada: R$ 10.
Fonte:  http://www.funarte.gov.br/teatro/“as-eruditas”-no-rio/