terça-feira, 26 de julho de 2011

"UM BOM EXERCÍCIO"

Olá pessoal!

Hoje quis trazer pra vocês um texto que li tem um tempo e guardei pra dividi-lo no momento oportuno!
Mais uma vez fui surpreendida pela coluna do Bruno Astuto no jornal O Dia de 3 de julho de 2011.
Não vou comentar sobre ele, pois gostaria que vocês criassem as próprias “reticências”...

Só digo uma coisa:
Para algumas questões HOJE eu tenho as minhas respostas, mas confesso que CRIOU MUITAS RETICÊNCIAS EM MIM!

Boa leitura e excelentes reflexões!
Gy


UM BOM EXERCÍCIO

Bruno Astuto

Um marido que a trata bem, é um excelente pai, não deixa faltar rigorosamente nada em casa, de vê em quando a seqüestra para um passeio romântico, é cheiroso, bonito e educado, e acha graça em tudo o que você faz, não é maravilhoso? Mas, um dia, você descobre por um acaso do destino que ele deu uma pulada de cerca e deu uns pegas naquela bonitona da academia? Fazer o quê? Um escândalo, uma cena, pede o divórcio e joga anos de investimento num casamento que, francamente, está dando certo ou simplesmente finge que não viu e bola para frente? É de se pensar.

A empregada que deixa suas roupas passadinhas no armário como num hotel seis estrelas, que prepara sua comidinha preferida quando você chega, desfalecida do trabalho, que faz carinho na sua cabeça quando o mundo acaba – sem ter a menor ideia do que você está falando -, que a defende para Deus e o mundo e que segura as crianças na hora em que bate aquele arrependimento de ter largado a vida de solteira. Ela falta numa segunda-feira porque resolveu se divertir para valer no domingo à noite e inventa uma gripe raríssima. Vai exigir atestado médico ou fingir que esse dia não existiu?

O cunhado que você não suporta, com quem jamais se sentaria à mesa caso sua irmã não fosse completamente apaixonada por ele, e que sempre brinda os almoços de família com sua presença incômoda e moralidade abaixo da média. Suas piadas são infames, sua voz é um horror e você sempre achou que ela merecia coisa melhor. Mas ela acha que é feliz, e até seus pais já se conformaram com a ideia. Vai criar um caso e lhe dizer umas boas verdades ou permitir que ela quebre a cara sozinha, quando você a consolará sem dizer aquele terrível: “eu bem que te avisei”?

A vida é assim mesmo: quando pensamos que finalmente chegamos ao paraíso, surge um solapão que nos sacode, nos imprensa num beco aparentemente sem saída, pondo à prova nossas certezas, nossas reações, nossa sanidade. Atire a primeira pedra quem nunca se viu numa situação semelhante e não cedeu ao primeiro impulso de virar a mesa. Nessas horas, muita gente vai aconselhar a não dar o braço a torcer, a cortar imediatamente os atores dessas decepções, para não dar ensejo a que outros façam igual – como se não bastasse estar vivo, todos os dias, para se deparar com grandes e pequenas alegrias e desapontamentos. Uma amiga que não age como você espera, um filho que dispara uma palavra enviesada, um chefe que comete uma injustiça, ó vida.

De vez em quando, é bom mesmo dar uns gritos para não passar recibo de paspalha – afinal, nosso sangue não é de barata. Mas, se você recuar e deletar esses pequenos tropeços, poderá ser chamada pelos outros, no mínimo, de covarde. Não se trata de covardia, e sim de perdão. E perdão é compreensão, entender que existe beleza tanto na força quanto na fraqueza da humanidade. Mais dia menos dia, você também se verá nessa situação, no lado oposto. E saberá que, assim como todo mundo, comete erros imperdoáveis que também merecem perdão. É dura a vida de bailarina.

Um comentário:

Amanda disse...

Amiga amei... Você está inspirada ultimamente!!! Beijos