quinta-feira, 23 de março de 2023

Sem rima, sem chão e com alma

 Sem rima, sem chão e com alma


Eu quero tudo,
eu quero nada!
Mergulhar nas profundezas do abismo,
me segurando para não perder a razão.

Me perder não é opção
mas um destino inevitável.
O controle foge das minhas mãos
e a garganta seca.

O sentimento mais profundo,
bem guardado aqui no peito,
tá fugindo do previsto,
fazendo o meu chão perder solidez.

Não sei se rei, imperador ou déspota,
tudo que carrega seu nome e, toda sua desestabilização,
faz meu mundo girar ao contrário
e, fazer meu coração voltar a bater.







segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

O silêncio pós poesia

Existe um buraco negro
Onde por vezes quero morar
Mas também em muitos momentos,
É dele que pretendo escapar.

E nesse vai e vem de terminações verbais rimadas,
Correr e fugir não é uma opção.
Algumas vezes é o único remédio
Pra manter vivos a mente e o coração.

E hoje no raiar do dia me ponho neste papel
Para aliviar os pensamentos que insistem
Em vagar pelo meu corpo
Ocupando todos os espaços.

E agora, já silenciada,
Adormece uma poetisa
Que muito pouco se arrisca nas palavras. 


sábado, 28 de maio de 2022

A vida, seus caminhos e suas nuances


As diferentes nuances da vida

me levam a ser nova ser a cada manhã;

como um renovo em espiral

que olha pra frente e prossegue decididamente.


O que eu era ontem já não me serve mais,

o que sou hoje não poderei oferecer amanhã,

mas as bagagens que me pertencem,

essas sim vão a cada caminho que se apresenta.


Posso ser uma metamorfose lenta ou um furacão,

isso tem a ver com o tempo e com o vento 

que me carregam a cada circunstância da caminhada

por caminhos longos, curtos, retos ou sinuosos.


As mudanças avançam paulatinamente ou rapidamente;

os anos avançam e as marcas em meu corpo também.

O olho de hoje não é o de amanhã

e a ansiedade em viver e experimentar gritam

em uma alma silenciosa ou silenciada, 

que segue os caminhos da vida, do vento, das circunstâncias.


Em 28/maio/2022.

quinta-feira, 7 de abril de 2022

Dela

Toda mulher ao acordar

Livre das amarras que cismam em lhe aprisionar

Retiram todas as travas do olhar 

Para que ela possa dela mesma se apossar


Se o coração do homem no peito bate a atordoar

O seu caminho e sua visão inebriar

Basta nas mulheres se embasar

Das dores, lutas e opressão que teimam em lhes acachapar


Os sentidos, desde o olfato até o paladar

Somente pertencem a elas, pra que possam usar

Da maneira que melhor lhe agradar

E que nenhum homem ouse lhe emperrar


Clarice, Lélia, Marina, Cecília e Carolina e quem mais queira falar

A mulher é pura poesia desde o seu despertar

E que sejam grandes vozes a ecoar

Para além dos homens que sonham em lhes limitar. 


30/março/2022

(Poema resposta a canção "Esta" de Chico César)


UMA RIMA, UMA VOLTA, UM ENSAIO

Não tenho mais a facilidade de outrora

Bastava um instante para um poema sair

Hoje eu penso e até desisto na hora

Em que meu coração quer escrever, fluir.


O sol, a chuva, o vento, a vida

Muita coisa pra inspirar e escrever

Mas resolvi me prender da dura lida

Do que mostrar ao mundo o que tenho a dizer.


Voltei feroz como um animal faminto?

Isso ainda não sei muito precisar

Poesia pra mim sempre foi um instinto

Onde não mediria formas pra me expressar.


Em agora, nessa manhã ensolarada

Bebo meu café enquanto estudo sem pretensão

Aí vem a poesia, toda rica e empoderada

Me trazendo uma avalanche de palavras ao coração.


Não sei bem se voltei ao que era antes

Uma poetisa com muita coisa pra falar

Mas saí da inércia que me prendia por um instante

Para ver o que eu ainda tinha pra retratar.


E nessa poesia solta, leve e que teima em sua falação

Busco algo escondido dentro do meu ser

É um tempo, um instante, um movimento de rotação

Que sai pro mundo e vai viver.


(23/02/2022)